liz 1
Liz Ornellas é de Salvador, mas mora na Bélgica
há 10 anos,onde trabalha como modelo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Leniliz Ferreira Ornellas, de 32 anos, é natural de Salvador, mas mora em Antuérpia, na Bélgica, há 10 anos. Ela trabalha como modelo, e atualmente estuda para atuar também como personal stylist. O mundo da moda, que sempre lhe fascinou, inspirou o blog Mulher Super Fashion, onde dá dicas de ‘looks’ inspiradores, e até mesmo de comidinhas. Nesta entrevista, ela conta que nunca abriu mão do crespo natural, e apenas aderiu ao relaxamento numa época onde ainda faltavam informações sobre como cuidar dos fios de origem. Como toda adolescente, ela teve problemas com o volume, e se sentiu inadequada algumas vezes; como mulher, exibe com orgulho seu crespo natural, e surpreende-se de que na Bélgica o preconceito é bem menor que no Brasil, o que considera lamentável. 

Sabrinah Giampá – Você é de Salvador e mora na Bélgica. Há quanto tempo você está nesse país? O que te fez deixar o Brasil e o que Antuérpia trouxe de bom na sua vida?
Liz Ornellas – Estou aqui há 10 Anos. Eu vim a trabalho, este foi o motivo. A mudança me trouxe novas oportunidades, e uma perspectiva de vida melhor. Aprender outro idioma e uma nova cultura é enriquecedor.
OLYMPUS DIGITAL CAMERA

Liz Ornellas: cabelos ao vento sem relaxamento. Nem sempre foi assim…

 
“Quando era pequena, meu pai adorava arrumar meu cabelo. Deixava ele solto e passava óleo de rícino. Eu implicava com o volume e, às vezes, tinha vergonha, porque achava que tinha um visual muito bagunçado, e dava muito trabalho para pentear. Por isso, comecei a relaxar com uns 15 anos.”
 
 
Sabrinah Giampá – Durante a pré-entrevista, você me disse que nem sempre usou o cabelo natural, que fazia relaxamento, mas não para alisá-lo definitivamente. Conte sobre esse seu histórico capilar, começando pela infância. 
Liz Ornellas – Quando era pequena, meu pai adorava arrumar meu cabelo. Deixava ele solto e passava óleo de rícino. Eu implicava com o volume e, às vezes, tinha vergonha, porque achava que tinha um visual muito bagunçado, e dava muito trabalho para pentear. Por isso, comecei a relaxar com uns 15 anos. Foi meu pai que me levou no salão do trabalho dele, na TV Educativa, uma emissora de Salvador.
Sabrinah Giampá – Quando decidiu parar com o relaxamento e assumir o crespo natural definitivamente?
Liz Ornellas – Após anos de relaxamento, meu cabelo estragou. Então eu cortei a parte quimicada antes de me mudar para a Bélgica.
liz blazer branco
A experiência como modelo e a paixão pela moda,
a fez criar um blog de dicas de ‘looks’,
como este da foto acima
 
“Após anos de relaxamento, meu cabelo estragou. Então eu cortei a parte quimicada antes de me mudar para a Bélgica. Fiquei três anos com o cabelo natural aqui, mas o trabalho não contribuiu porque eu já usava o cabelo assim.”
 
 
 
 
 
 
 
 
Sabrinah Giampá – O trabalho de modelo contribuiu para isso?
Liz Ornellas – Fiquei três anos com o cabelo natural aqui, mas o trabalho não contribuiu porque eu já usava o cabelo assim.
Sabrinah Giampá – Sofreu algum tipo de preconceito por usar o crespo natural no exterior? (Isto também inclui o campo profissional)
Liz Ornellas – Aqui é uma cidade muito aberta a tudo, ninguém tem problemas em relação ao cabelo, até mesmo na maneira de se vestir. Estou na cidade da moda, tudo é permitido, e as pessoas costumam achar nosso cabelo lindo. Não sofri preconceito por causa do meu cabelo, mas sofri xenofobia algumas vezes.
OLYMPUS DIGITAL CAMERA
Liz Onellas: A rua é uma passarela para quem
está com a autoestima em dia
“Aqui é uma cidade muito aberta a tudo, ninguém tem problemas em relação ao cabelo, até mesmo na maneira de se vestir. Estou na cidade da moda, tudo é permitido, e as pessoas costumam achar nosso cabelo lindo. Não sofri preconceito por causa do meu cabelo, mas sofri xenofobia algumas vezes.”
 Sabrinah Giampá – Você acha que no Brasil as pessoas são mais preconceituosas que na Bélgica? 
Liz Ornellas – Sem dúvida. Fico espantada porque no Brasil, embora metade da população seja negra e possua o cabelo crespo, ainda assim as pessoas conseguem ser mais preconceituosas que na Bélgica, onde a maioria é branca e de cabelo liso.  Mesmo assim, na Bélgica também já sofri preconceito, embora em menor proporção, e não em relação aos cabelos.
Sabrinah Giampá- O movimento do big chop e transição capilar têm chegado aos poucos em nosso país, mas percebo que ainda existe um preconceito, mesmo que velado, às vezes das próprias meninas que estão no processo, principalmente em relação aos cabelos do tipo 4 ( os afros) Como você percebe isso? 
Liz Ornellas – Isto acontece por culpa da mídia, que impõe o padrão de beleza europeu, de que o bonito é ter o cabelo liso, a pele clara, e corpo magro e escultural. Acredito que cada um tem que se aceitar como é, e se amar, independente da opinião alheia. Percebo que o cabelo é algo muito feminino, como um acessório, e por isso o processo de transição é tão difícil para as meninas, mas com uns truques de beleza como: turbante, tranças e afins, tudo fica mais fácil. Outra dica aderir a um estilo mais ousado neste período, isso ajuda muito a aumentar a autoestima.
liz blusa azul
Liz Ornellas: ” O importante é ser você mesma”
“Fico espantada porque no Brasil, embora metade da população seja negra e possua o cabelo crespo, ainda assim as pessoas conseguem ser mais preconceituosas que na Bélgica, onde a maioria é branca e de cabelo liso.  Mesmo assim, na Bélgica também já sofri preconceito, embora em menor proporção, e não em relação aos cabelos.”
 
Sabrinah Giampá – Você acredita que existe uma ditadura dos cabelos longos e lisos no Brasil? 
Liz Ornellas – Sim, mas acredito que aos poucos isto está mudando. Aqui na Bélgica, cada um é feliz a sua maneira, as pessoas são muito abertas.
Sabrinah Giampá – Qual o seu tipo de cabelo?
Liz Ornellas – Eu acho que o meu é 3C ou 4A , mas não tenho certeza agora. (risos)
liz turbante
Liz Ornellas de turbante: “aderir a um estilo mais ousado
ajuda a aumentar a autoestima”
“Percebo que o cabelo é como um acessório, e por isso a transição é tão difícil para as meninas, mas com uns truques como: turbante, tranças e afins, tudo fica mais fácil. Aderir a um estilo mais ousado neste período, ajuda muito a aumentar a autoestima”.
 
Sabrinah Giampá- Assumir o cabelo natural é uma mudança, antes de tudo, interna? O que mudou na Liz após reassumir a própria identidade? 
Liz Ornellas – Não cheguei a passar por esta mudança porque nunca usei meu cabelo liso. O relaxamento nunca tirou meus cachos, ele apenas facilitou os cuidados numa época em que não havia muita informação. Mas, entendo que assumir o natural esteja ligado a questão da identidade, e para isso, é necessário sim este processo de mudança interna e aceitação.
liz blusa azul
Liz Ornellas, em Antuérpia, na Bélgica, aonde mora:
a modafaz parte do seu cotidiano
“Isto acontece por culpa da mídia, que impõe o padrão de beleza europeu, de que o bonito é ter o cabelo liso, a pele clara, e corpo escultural. Acredito que cada um tem que se aceitar como é, e se amar, independente da opinião alheia. “
 
Sabrinah Giampá- Como cuida do seu cabelo atualmente?
Liz Ornellas – Agora estou tentando hidratar, mas seguir uma rotina, como o cronograma capilar, quase nunca consigo!  Com o frio, o cabelo fica super seco. Costumo dizer que tenho uma relação de paciência com o meu cabelo (risos). Eu lavo, condiciono e depois uso um leave in. Normalmente, faço fitagem, deixo secar ao natural, e depois trabalho com as mãos na raiz para soltar bem os cachos e ganhar volume. Acho que meu cabelo fica bem mais bonito no dia seguinte.
Sabrinah Giampá – Você segue a rotina Low Poo/ No Poo?
Liz Ornellas – Não conheço.
liz outra
Liz Ornellas não chegou a passar por uma
grande mudança porque nunca abriu mão dos cachos
“Não cheguei a passar por esta mudança porque nunca usei meu cabelo liso. O relaxamento nunca tirou meus cachos, ele apenas facilitou os cuidados numa época em que não havia muita informação. Mas, entendo que assumir o natural esteja ligado a questão da identidade, e para isso, é necessário sim este processo de mudança interna e aceitação.”  
Sabrinah Giampá – Na sua opinião, é mais fácil cuidar de um cabelo natural ou relaxado? 
Liz Ornellas – Os dois jeitos dão trabalho (risos), mas com o tempo você vai descobrindo o que funciona melhor para o seu cabelo, como fica mais bonito, etc e tal. Tudo é uma questão de tempo mesmo.
eco gel
O Eco gel, que compra em lojas africanas,
é um dos seus segredos de beleza
Sabrinah Giampá-   Quais são seus produtos preferidos?
Liz Ornellas – Eu gosto muito da Elséve, Novex, Fio Restore (é uma marca nova, e a massagem de reconstrução é uma maravilha). Adoro a Ox e Garnier para massagem, e também os mousses daqui. Estou amando o Eco Gel, e acho todos em uma loja africana aqui na Bélgica.
Sabrinah Giampá – Costuma fazer algum penteado?  Qual?
Liz Ornellas – Ultimamente, só tenho feito coque.
Sabrinah Giampá-   Qual o recado que você deixaria para outras meninas que tem o cabelo parecido com o seu, mas que não conseguem se aceitar devido ao preconceito?
Liz Ornellas – Pense primeiro em você, sempre. Autoconfiança é fundamental. Não espere que os outros te elogiem ou te achem bonita. Às vezes, se achar faz bem, pois nunca precisará da opinião alheia ( RSS). O importante é fazer sempre o que te faz bem, se é feliz cacheada, ok, se não se sente bonita assim, que seja como quiser, e o mundo que te aceite! beijosssssss
coque
Liz Ornellas também adora usar coque no dia a dia
“Pense primeiro em você, sempre. Autoconfiança é fundamental. Não espere que os outros te elogiem ou te achem bonita. Às vezes, se achar faz bem, pois nunca precisará da opinião alheia ( RSS). O importante é fazer sempre o que te faz bem, se é feliz cacheada, ok, se não se sente bonita assim, que seja como quiser, e o mundo que te aceite! beijosssssss”
 
 
 

Gostou da entrevista? Quer ler outras? Acesse aqui!
Tem uma história de superação para compartilhar? Escreva para cachosefatosoficial@gmail.com
  1. Ela é muito estilosa, uma autentica baiana. Aqui na Bahia assumir nos belos está cada dia mais popular, acredito não se tratar de moda e sim aprender a amar e respeitar nossas raízes.

  2. Liz!!! Eu amei e me identifiquei com a sua fala sobre a “dobradinha” cabelo e autoestima. Eu sofri muito preconceito na minha infância e adolescência (principalmente nessa segunda fase da vida). Passei muitos anos sofrendo com o preconceito dos outros, mas sofrer com o próprio preconceito é muito pior. E só agora, com quase 30 anos, eu decidi me amar e me aceitar. Estou vivendo a fase do big chop (tem quase 1 mês)…nos primeiros dias foi muito difícil/pesado…mas, hoje, já consigo me olhar no espelho e me achar bonita. Muito obrigada! Bjocas!!!

Deixe um Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

<a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>

Comentários no Facebook